Por Sarah Fontenelle – Flores.ser Comunicação
Nos convidando compreender a complexidade a partir das obviedades presente no racismo e no feminício, Rosane Borges, que é pós-doutoranda em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, contribuiu com o debate contra colonial e de empoderamento das mulheres negras em Teresina. Na ocasião, ela participou da aula inaugural do Curso de Especialização em Democracia e Direitos Humanos “Esperança Garcia” da FAR.
Sempre chamando atenção para os corpos negros, constatemente invisibilizados em suas dores, protagonismo e debilidades várias, Rosane Borges questiona porque não causa espanto um jovem negro ser morto a cada 23 minutos no Brasil. Feminista Negra, e autora do livro também lançado no Piauí “Esboços de um Tempo Presente”, ela chama atenção para o fato de que os corpos das mulheres negras é durante vilipendiado tanto quanto esquecido nas valas do senso comum. “O que nos falta é sermos vistas como sujeitas de direitos. Isto parece muito óbvio. Mas é uma redundância que é importante a gente fincar, Pensando como aquilo que resguarda a humanidade do outro”, afirma.
Ela chama atenção para os dados do Mapa da Violência, onde o número de feminício contra mulheres negras aumentou 54%, nos últimos dez anos, enquanto o de mulheres brancas diminuiu 10%. “A mortes destas mulheres é maior porque são elas que estão em espaços onde há a presença do Estado – não creio que o estado não chegue nas periferias, mas que ele chega pelo viés da violência”, contesta. Deste ponto de vista, ela considera que longe ainda estamos de alcançarmos a dimensão de humanidade para com os sujeitos negros. “Entendendo que os direitos humanos servem para delimitar o que a gente chama de civilização e esse território habitado por humanos”, explica, acrescentando que foram os negros que civilizaram todo o mundo colonizado pelos Europeus, com a sua força de trabalho e seu arcabouço cultural.
Analisando a conjuntura política brasileira, ela aponta que hoje, com as mudanças apontadas no Governo Temer, tais como, Lei das terceirizações e Reforma da Previdência, o capitalismo está explorando a humanidade de tal modo que todos teremos a experiência da espoliação negra, com a escravização, tanto negros como brancos.
Apesar da análise pessimista em relação ao presente e ao aprofundamento da precarização no futuro ela afirma esperançosa “O mundo está flertando com a barbárie. Eu digo que sou pessimista na análise mas otimista na ação, eu sou gramsciana, ele dizia que o diagnóstico sempre tinha que ser ruim mas a nossa ação sobre esse diagnóstico tem que ser positiva”, diz isto afirmando que não se pode labutar, pois parar neste momento significa aceitar a barbárie.
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